Brígida
No caso de Brígida da população dos Tamoio, viveu na região de Cabo Frio, litoral do Rio de Janeiro. Brígida ou Bu-y-syde foi uma das 26 mulheres e 10 homens dos povos originários escravizados pela tripulação da nau Bretoa, uma bem-sucedida expedição promovida por mercadores portugueses ao litoral brasileiro em 1511, como propósito de extrair pau-brasil e outras mercadorias, como animais silvestres. O produto da expedição foi vendido com grande lucro na praça de Lisboa. Sob o comando do piloto João Lopes Carvalho e com o escrivão Duarte Fernandes, que narrou toda a viagem, a nau aportou ao final do mês de maio em uma ilha nas cercanias de Cabo Frio, onde havia uma feitoria portuguesa, provavelmente aquela deixada por Américo Vespuccio em 1504. Apesar das advertências dos promotores da expedição para que não fossem embarcados indígenas no navio, uma vez que eles pereciam na travessia do Atlântico e, com isso, a frágil aliança entre os portugueses e os nativos poderia ficar abalada, a tripulação não poupou esforços para capturar 26 mulheres. O propósito era revendê-las como escravizadas em Portugal e, principalmente, satisfazer seus desejos sexuais nos meses de viagem que ainda lhes aguardavam. A Bretoa zarpou de volta para Portugal com a carga de cinco mil toras de pau-brasil, alguns animais, pássaros vivos e 36 pessoas de descendência das populações originárias. Brígida foi uma dessas cativas levadas para Portugal, de encomenda, para um certo Francisco Gomes. Seu paradeiro na Europa é desconhecido.
Fonte: SCUMAHER, Schuma; BRAZIL, Erico Vital. Dicionário Mulheres. Rio de Janeiro: Zahar, 2000. P. 188