Antônia
No dia 08 de junho de 1739, a índia Antônia apresentou uma petição ao Tribunal da Junta das Missões em que reclamava a sua liberdade. Segundo consta na ata da reunião, ela era teria nascido "livre de sua natureza", mas fora trazida dos sertões ilegalmente por Diogo Freire, vendida como escrava a Antônio Vieira, um colono de Tapuitapera, e depois doada a Cipriano Pavão, morador da mesma vila, que, segundo ela, a tratava com crueldade.Como era costume, as partes foram chamadas a declarar. Cipriano Pavão disse que recebeu a índia Antônia do morador Antônio Vieira. Este, por sua vez, declarou que comprou a índia de Diogo Freire por sete rolos de tela de algodão. Já Diogo afirmou que: "[...] a índia era tida por mulher, ou concubina de um Mameluco chamado Teodósio, que se reputava por um dos Principais da Aldeia de Jaguapirú, o qual lhe devia dezoito resgates e que a esta conta lhe dera a dita índia a qual lhe constava ser batizada antecede e que não tinha registro [de escravidão] algum da dita índia, a qual lhe tinha dado o dito principal por estar desgostoso dela, em razão de ser de perversos costumes."
Por não existir registro da legitimidade do cativeiro, a índia foi considerada livre por todos os deputados presentes naquela reunião.
Fonte:
Livros de assentos, despachos e sentenças que se determinaram em cada Junta de Missões na Cidade de São Luís do Maranhão - 1738-1777, Códice 1, Arquivo Público do Estado do Maranhão (APEM), f. 5f. In: BOMBARDE, Fernanda. PRADO, Luma. Ações de liberdade de índias e índios escravizados no Estado do Maranhão e Grão- Pará, primeira metade do século XVIII. BRASILIANA- Journal for Brazilian Studies. Vol. 5, n.1 (Nov, 2016). ISSN 2245-4373.
<https://tidsskrift.dk/bras/article/view/23027/22106>