Maria Bárbara

Maria Bárbara era portuguesa e emigrou para o Brasil com seu marido. Este, dono do engenho de açúcar Aramaré, na Bahia, foi eleito deputado nas Cortes de Lisboa, tendo que retornar a Portugal. Na ausência dele, Maria Bárbara preferiu não delegar os negócios aos filhos, já adultos, e passou a cuidar da propriedade.
Escrevia cartas ao marido dando conta de sua administração. Comprou bois e potros para melhorar o rebanho, supervisionou a produção da aguardente para evitar roubos no alambique e tomou as mais diversas providências. Certa feita mandou drenar o solo para evitar o apodrecimento do canavial devido às chuvas abundantes.
A historiadora Nizza da Silva cita este trecho de uma das cartas: "Se não tinha ficado no engenho Aramaré dentro em pouco era campo onde foi Troia. E bem que com minhas poucas forças o não possa adiantar, com a minha vista ao menos afugento as harpias que queriam devorá-lo." A experiência de Maria Bárbara contribui para desfazer o mito de que a função da mulher era apenas cuidar dos afazeres domésticos.
Fonte: Referência: SCUMAHER, Schuma; BRAZIL, Erico Vital. Dicionário Mulheres. Rio de Janeiro: Zahar, 2000. p.591