Quilombo do Quariterê
Há muitas referências a esse quilombo na documentação e literatura sobre a região. Este quilombo se formou nas margens do Rio Quariterê ou Piolho, afluente da margem ocidental do Guaporé. Sendo formado por escravizados fugidos das minas de Mato Grosso em Vila Bela, negros livres e indígenas.
Sua organização política de governo adotada foi a realeza, na primeira destruição liderada por Luiz Pinto de Souza Coutinho em 1770 quem estava no governo era a Rainha Teresa com uma especie de parlamento e o conselheiro José Piolho.
Na sua rigidez disciplinadora, a rainha ficou conhecida por aplicar duros castigos aos desertores, como enforcamentos, fraturas das pernas e enterramento vivo.
Quando abatido pela primeira vez, sua população era de 79 negros, homens e mulheres, e 30 índios, levados a ferros para Vila Bela, morrendo e fugindo muitos.
A rainha Teresa ficou de tal modo chocada e inconformada com a destruição do quilombo que enlouqueceu. "Quando foi preza, esta negra Amazona parecia furiosa. E foi tal a paixão que tomou em a ver conduzir para esta Vila que morreu enfurecida". Os vexames e a grande violência que se abateram sobre a Rainha e seu povo, com o objetivo expresso da subjugação humilhante, foram demais para Teresa que encontrou na loucura uma forma de reação, recusando-se a se entregar e a curvar-se à autoridade dos brancos. Os quilombolas sofreram castigos cruéis em praça pública, expostos à curiosidade do povo, e foram marcados a ferro com a letra F, conforme determinação de alvará régio. Traumatizada pela ruína e aniquilamento de seu quilombo, num dos acessos de furor, expressão de revolta, a Rainha matou-se. O suicídio foi o gesto supremo de rebelião da Rainha à dominação dos brancos. (Bandeira, 1988:119-120 In: MACHADO, 2006, p.8).
Bibliografia:
Bandeira, M. de L. Território Negro em Espaço Branco, Ed. Brasiliense, SP, 1988. In: Quilombos, Cabixis e Caburés: índios e negros em Mato Grosso no século XVIII. MACHADO, Maria Fátima Roberto. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ANTROPOLOGIA
25ª Reunião Brasileira de Antropologia, Goiânia, junho de 2006.
<https://files.ufgd.edu.br/arquivos/arquivos/78/NEAB/GT48Fatima.pdf>
Sugestão de leitura:
A ATUALIZAÇÃO DO CONCEITO DE QUILOMBO: IDENTIDADE E TERRITÓRIO NAS DEFINIÇÕES TEÓRICAS. ALESSANDRA SCHMITT, MARIA CECÍLIA MANZOLI TURATTI, MARIA CELINA PEREIRA DE CARVALHO.Ambiente & Sociedade - Ano V - No 10 - 1o Semestre de 2002. <https://www.unifal-mg.edu.br/geres/files/A%20ATUALIZAÇÃO%20DO%20CONCEITO%20DE%20QUILOMBO.pdf>